O Encontro
Com o surgimento da doença entre crianças e adolescentes e com os recursos que aumentaram a possibilidade de vida com qualidade, novas questões emergiram também ligadas à saúde desta população.
As crianças e adolescentes que vivem e convivem com HIV/AIDS podem ser divididos em: grupos de crianças expostas ao HIV, crianças soropositivas, adolescentes soropositivos, jovens adultos infectados por transmissão vertical e horizontal. Além desses grupos ressaltamos a questão das crianças que perderam seus pais em decorrência da epidemia, ou que tiveram suas famílias afetadas por esta.
A doença atinge de forma significativa a estrutura familiar e vulnerabiliza crianças e adolescentes, que são expostos a situações de perdas, insegurança e orfandade. O enfrentamento dessa situação requer esforço conjunto de organizações governamentais, sociedade civil, tanto no nível nacional quanto internacional, que já vêm oferecendo algumas respostas ao problema.
A complexidade da situação e das necessidades desta população requer cada vez mais aperfeiçoamento por parte dos profissionais e ampliação da rede de assistência, para dar conta das novas demandas e da vulnerabilidade a qual estas crianças e adolescentes estão expostos (pobreza, HIV na família, institucionalização, violência intrafamiliar, negligência, física, sexual e psicológica, falta de oportunidade de emprego, falta de perspectivas sociais e emocionais, uso de álcool e drogas entre outras situações).
A possibilidade do uso de medicamentos antiretrovirais (ARV) traz um novo alento as crianças/adolescentes que nasceram com o vírus e hoje estão atingindo a idade adulta e vivendo novas fases da vida e com elas novas conseqüências. Dessa forma, propostas devem ser discutidas e desenvolvidas pelos serviços de atendimento.
Aqueles que nasceram com o vírus HIV e hoje são adolescentes e jovens adultos enfrentam sérios problemas de adesão ao tratamento e aos serviços, e uma das dificuldades é desenvolver estratégias que favoreçam o tratamento adequado dos jovens. O início da vida sexual dos adolescentes e a conseqüente revelação do diagnóstico para os novos parceiros é um grande desafio na vida deles.
A incerteza que a situação da soropositividade traz aos jovens reflete-se em todas as fases e momentos de suas vidas. A inserção no mercado de trabalho é importante ponto para reflexão.
O ECA traz aos serviços que atendem crianças e adolescentes um novo rumo no sentido de desenvolverem ações de proteção em vários sentidos, proporcionando oportunidades de melhorar a qualidade do atendimento oferecido. A necessidade de adesão aos novos ARV é uma das dificuldades enfrentadas pelos pacientes, pais e cuidadores e a possibilidade de controle externo soma-se aos serviços de saúde para garantir os direitos das crianças e adolescentes aos medicamentos e tratamentos.
A realização deste evento pretende oferecer espaço de discussão e reflexão para os profissionais de diferentes áreas para dar resposta às diferentes demandas que se iniciam e se apresentam nos serviços de saúde, expressando a vulnerabilidade social a que estão sujeitos e a necessidade do trabalho em rede.